Poder Para o Povo Preto

Pretos, nós não vamos nos calar

Pretos, 'tamo na luta

Assim como fizeram com Malcolm

Assim como fizeram com Martin

Fizeram com a Marielle

Crime, mortos, nos querem mortos

Não vamos nos calar, pretos

Poder para o povo preto

Muita luz pra quem vem do gueto

(Muita luz pra quem vem do gueto)

Me sinto como Quincy Jones

Fazendo grana desde novo, porra

Igual Hamilton nessa corrida

Ultrapasso brancos eles querem que eu morra

Mesmo rico igual Balotelli

Não compro meu passe, pela cor da pele

Me ver enjaulado é o que eles querem

Mas sou novo Obama

Cadê a minha Michelle? (Cadê?)

Aprenda ouvir, pra depois falar

Nada aqui mudou, nem nunca mudará

Se hoje o mar abrir, cê não passará

Tiraram o que é nosso, mas vim pra tomar

Sempre elegante igual festa de gala

Eu e quatro pretos dentro de um Opala

'Tamo no volante, nunca mais na mala

E se não respeitar, o calibre fala

O navio negreiro de hoje é o camburão

Ao falar da minha gente vem marcas da escravidão

Eu descendo de um povo

Que não teve indenização (não, não)

Mas meus manos quebraram correntes

E se ergueram do chão

O navio negreiro de hoje é o camburão

Ao falar da minha gente, vem marcas da escravidão

Eu descendo de um povo

Que não teve indenização (não, não)

Mas meus manos quebraram correntes

E se ergueram do chão

Isso aqui é Rio de Janeiro

Às vezes dá pra confundir com um navio negreiro

Mas 'tamo aqui, ó, resistindo há muito tempo

Não conseguem, eles não conseguem acabar com a gente

Não conseguem e não vão conseguir

(VND)

Não vão!

Pretos boiando, tipo um navio negreiro

É por isso que eu rimo

Isso nunca foi só sobre mim

Pode ficar com medo

Ele andava negro, falava negro

VND, tipo revolução

Vocês foderam com tudo em volta

De escravidão à guerra de facção

Gera revolta, minha resposta é na caneta

Seja mais claro (VND)

Você já 'teve num camburão?

Já nos taxaram como animal

Tipo corrente, não é cordão

Pretos na rua, manifestação

Vocês vão conhecer nosso lado mal (VND)

E vocês nunca vão entender o quanto fere

(Vocês nunca vão entender)

Quantos neguinho sentiram na pele

(Vocês nunca vão entender)

E vocês nunca vão entender o quanto fere

(O quanto fere)

Quantos neguinho sentiram na pele

O navio negreiro de hoje é o camburão

Ao falar da minha gente vem marcas da escravidão

Eu descendo de um povo

Que não teve indenização (não, não)

Mas meus manos quebraram correntes

E se ergueram do chão

Pretos, te convidaram pra luta

Vai ficar parado? Vai ficar parado?

É enfrentamento real, pretos

Eu tô falando com vocês, pretos