Conversa de Dois Tempos

E você me diz que eram outros tempos,

Outras cidades

Você me diz que se tinha medo

Contra a vontade

Mas o que você não sabe

É que se a geração mudou

Se não há mais medo na praça

Se não há mais guardas na porta

Não tem mais ninguém de vigia

É porque não se sabe mais temer

E você me diz que eram outros ventos,

Outras vontades

Você me diz que se cria em mitos,

Não nas verdades

Os fantasmas cederam

O delírio e o sono se perderam

Porque nada acontece na praça

Nada pode acontecer nessa praça.

Nem verdade nem mentira

Nem ideia nem estórias.

Nenhum resto de dó

Que se crave no peito

De um homem-cantor.

E você me diz que eram outros tempos,

Outras cidades

E você me diz que se tinha medo

Contra a vontade

Ora ouço dizer, e se diz, que isso é o novo

Que isso é bondade e que bondade é melhor

Eu não digo nada, não posso dizer.

Há cegos na praça

Que precisam ver.

Pois do bem não conhecem

E do amor desmerecem

Só há loucos na estrada

E eles pensam que o tempo

Foi só o que passou.

Ora ouço dizer, e se diz, que isso é o novo

Que isso é bondade e que bondade é melhor

Eu não digo nada, não posso dizer.

Há cegos na praça

Que precisam ver.

Pois do bem não conhecem

E do amor desmerecem

Só há loucos na estrada

E eles pensam que o tempo

Foi só o que passou.

E você me diz que eram outros ventos,

Outras vontades

E você me diz que se cria em mitos,

Não nas verdades.