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AUSFÜHRENDE KÜNSTLER:INNEN
Rubens Tubenchlak
Rubens Tubenchlak
Künstler:in
Renato Luciano
Renato Luciano
Gesprochenes Wort
Amanda Döring
Amanda Döring
Gesprochenes Wort
Gabi Porto
Gabi Porto
Gesprochenes Wort
MAÍRA
MAÍRA
Gesprochenes Wort
Fávish Tubenchlak
Fávish Tubenchlak
Künstler:in
Pedro Miranda
Pedro Miranda
Gesprochenes Wort
Luísa Vianna
Luísa Vianna
Gesprochenes Wort
Raquel Rocha
Raquel Rocha
Gesprochenes Wort
Adrén Alves
Adrén Alves
Gesprochenes Wort
Ricca Barros
Ricca Barros
Gesprochenes Wort
Soraya Ravenle
Soraya Ravenle
Gesprochenes Wort
Xando Graça
Xando Graça
Gesprochenes Wort
KOMPOSITION UND LIEDTEXT
Rubens Tubenchlak
Rubens Tubenchlak
Arrangeur:in
Fávish Tubenchlak
Fávish Tubenchlak
Songwriter:in
PRODUKTION UND TECHNIK
Rubens Tubenchlak
Rubens Tubenchlak
Produzent:in
Fávish Tubenchlak
Fávish Tubenchlak
Produzent:in
Lucas Ariel
Lucas Ariel
Mischtechniker:in
Jerônimo Orselli
Jerônimo Orselli
Ingenieurassistent:in
Ana Basbaum
Ana Basbaum
Produzent:in
Pedro Mesquita
Pedro Mesquita
Ingenieurassistent:in

Letras

Com muitas luzes piscando,
fumaça e som de um trovão,
após as palavras mágicas
se deu a transformação.
Bem da cintura pra cima,
a cervinha virou gente
enquanto que o caçador
se transformou diferente.
Ele, do umbigo pra cima,
era um cervo saliente.
Como se houvessem trocado,
entre si, os dois, de tronco,
depois daquela fumaça,
das luzes, e após o ronco.
E, aí, a Deusa gritou:
 Agora todos já podem,
novamente, se mexer.
Mas disse, baixo, pra cerva:
 Cerva, se eu fosse você,
eu pulava neste rio
antes que os cães me pegassem.
E a cervinha, que na Deusa
acreditava deveras,
foi rapidinho pro rio,
num salto por sobre as feras.
E o caçador vendo aquilo,
num impulso, foi atrás,
sem perceber que ele agora
não era mais um rapaz,
não era mais caçador...
foi, sem pensar na besteira...
foi, num impulso fugaz...
foi, sem notar que ele não
era mais um ser voraz.
Foi, muito embora ter ido
não tenha sido sagaz.
Foi, imitando a cervinha.
Ela, sim, bem perspicaz.
Os cães ficaram confusos
e a Deusa não vacilou:
 Vamos lá, meus cachorrinhos!
Quem sabe fazer, que faça.
Tá na hora do trabalho.
Vamos pegar nossa caça!
e, em seguida, assobiou.
Daí, os cães, sem coleira,
ao verem os dois da beira
do riacho, mergulharam
na frente da cachoeira
e avançaram sobre Actéon
(pensando que ele era um cervo),
fazendo a maior zoeira!
E a cerva foi, de fininho,
saindo da confusão,
saindo devagarzinho,
sem nem chamar a atenção.
Inspirada pela Deusa,
com a parte bicho embaixo,
ela saía à francesa,
exagerando um agacho.
Tinha muito medo. Eu acho.
O caçador que virara,
bem da cintura pra cima,
um enorme cervo macho,
só conseguia bramar.
Mas, um pouco antes de os cães
pularem em cima dele,
na cachoeira encantada,
pra mordê-lo até matar,
teve ainda um breve tempo,
que lhe serviu pra pensar:
Isso mesmo é que é azar!
Se eu não tivesse comprado
tantos cachorros de caça,
poderia, até (quem sabe?),
de algum jeito me safar.
Contra cinquenta, não dá!
Contra cinquenta, não cabe...
contra cinquenta, não há....
Foi essa a triste lição
que o caçador de animais,
embora tarde demais,
teve, por fim, que aprender:
...mais vale a Justa Medida,
a exata dose das coisas,
nem grande, nem pequenina,
nem larga, nem muito estreita,
nem longa, nem, também, curta.
E essa medida perfeita,
que só tem quem nunca surta,
que não se mede com metro,
com relógio e nem balança
(tão própria da lucidez),
só poderemos medi-la
com a nossa sensatez!
Há que ser muito sensato
quando é noite aqui no mato!
Ah! Mas não era esse o caso
do campeão do descaso.
Se ele não tinha fundura
teve que morrer no raso.
Os cães estavam famintos
e ele morreu devorado.
Não era nada bonito
vê-lo, ali, naquele estado!
De frente pra catarata,
como era de se supor,
a Deusa tudo regia.
Mas nessa feitiçaria,
se tinha muito rancor,
também tinha ecologia.
Era a vingança da mata!
Pobre de quem a destrata!
Após terem dado cabo
do enorme cervo macho,
os cachorros se mandaram,
feito loucos, do riacho.
Era cachorro às pencas,
cachorro pra todo lado,
eram cachorros em cacho,
a procurar por Actéon,
sem sossegarem o facho.
Não sabiam que ali mesmo
tinham feito o seu despacho.
Cada cão, feito um lambuça,
tinha, no meio dos dentes,
uma parte do finado.
Iam mordendo uma orelha,
a testa e a sobrancelha,
um olho, um tasco das costas,
ou um pedaço da fuça.
E o que restou do coitado
foi comido pelos peixes,
ou, então, seguiu rolando,
se perdendo na floresta,
descendo por rio abaixo.
Ficaram ninfas e Deusa,
sozinhas, lá, na cascata,
a pôr as cartas na mesa.
 Vocês também me mentiram
disse a Deusa, indignada.
Fingindo que procuravam
se tinha alguém por aqui,
não procuravam é nada.
Era tudo marmelada!
E, pondo no saco a viola,
as ninfas se desculparam.
Mas a Deusa nem deu bola
e foi entrando de sola:
 Vamos embora daqui,
de volta pra nossa casa,
onde vocês ficarão,
de punição, sem mais ver,
até a pena acabar,
nada na televisão.
Computador, nem pensar!
No condomínio dos Deuses
tinha de tudo o que ainda
nem se sonhava inventado.
Era todo incrementado!
 Acabou-se essa moleza.
Vamos embora pro Olimpo.
De castigo, por mentir,
conseguindo me enrolar,
vão ficar duzentos anos,
cada umazinha num canto,
sem poderem se falar.
Vai ser bom pra refletir
e também pra meditar.
Mas tantos anos pras ninfas,
que eram quase que imortais,
seriam feito minutos,
só uma horinha, não mais.
E, assim, partiram quietinhas,
sem mais ninguém retrucar.
A Deusa não era mole,
não dava, ali, pra abusar.
Num instantinho sumiram,
depois que a Deusa, com os dedos,
fez um mágico estalar.
Não havia mais ninguém.
Só cachoeira e luar.
Ei! Não pensem que acabou
esta historinha maluca.
Noutra parte da floresta,
lá, bem dentro, na meiuca,
o cervo pai consolava
a cerva mãe, que chorava,
quando a cervinha surgiu.
 Papai! Mamãe! gritou ela.
Olhem só quem que chegou!
E os dois olharam pra filha
posando, feliz, de perfil.
Mas, com os olhos molhados,
numa tristeza febril,
eles não reconheceram
aquele animal estranho
(meio ninfa, meio cerva)
como sendo do rebanho.
E a mãe falou, arrasada:
 Por um instante eu pensei
que era a nossa tão querida
filha desaparecida!
Ai! Vendo bem... não é nada.
E o cervo pai completou:
 Também pensei que era ela.
Porém, agora nós temos
que encarar a realidade.
Nossa princesa está morta!
Aqueles malditos cães
pegaram nossa filhinha!
 Não, isso não é verdade!
disse correndo a cervinha.
Mas a mãe lhe retrucou:
 Eu vi, com meus próprios olhos,
aquela enorme maldade!
Todos os cães dentro d'água
atacando a pobrezinha,
em total desigualdade!
 Aquilo, ali, na piscina,
foi uma carnificina!
Uma tragédia sem tento!
Ai, ai, ai! Que sofrimento!
 Não, isso não é verdade!
Vejam! Eu estou aqui!
insistia aquela filha.
Inutilmente, porém.
 Quem é você, ó, meu bem?
Você tem, em algum recanto,
algo da filha que eu tinha!
observou a mãe cerva,
num descontrolado pranto.
 Não é ela, no entanto.
E o pai, um bocado fanho,
num desalento tamanho,
começou a despedida:
 Vamos embora, querida.
Quero esquecer esse banho.
Não adianta sonhar.
Se ao menos ela tivesse
nos escutado quando
falamos pra ela ir conosco,
se proteger do luar,
bem dentro da mata escura...
agora é tarde demais!
 Para a morte não há cura...
disse, afinal, a mãe cerva.
E foram se retirando,
os dois, juntinhos, chorando:
 Nossa cria, agora, jaz...
E foram, os dois, de partida...
deixando a filha pra trás...
deixando aberta a ferida
feita pela desmedida
de um caçador burro, assaz...
mas também pela atrevida
fuga da cervinha audaz.
Written by: Fávish Tubenchlak, Rubens Tubenchlak
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